domingo, 2 de dezembro de 2012

Artigo da Revista Veja em 02 de Dezembro de 2012


Vídeo

Especialista tira dúvidas sobre a epilepsia

Quais são as causas da epilepsia? Ela só aparece na infância? A neurologista Elza Yacubian ajuda a entender a doença

Juliana Santos
A epilepsia é uma doença neurológica que atinge de 1% a 1,5% da população mundial. No Brasil, por se tratar de um país em desenvolvimento, estima-se que esse número seja um pouco maior. Segundo dados da Assistência à Saúde de Pacientes com Epilepsia (ASPE), de 2010, existem 3 milhões de pessoas com a doença no país, o que corresponde a 1,6% da população naquele ano. Um estudo realizado em 2004 pela Unicamp encontrou uma prevalência de quase 1,9%, utilizando uma amostragem de 17.293 pessoas da cidade de São José do Rio Preto.
Na Grécia Antiga a epilepsia era conhecida como “doença sagrada” e, em Roma, era chamada de "mal comicial". Isso porque, se uma pessoa tivesse uma crise no meio de um comício, era sinal de que os deuses estavam contra a realização do evento. O grego Hipócrates, considerado pai da medicina, foi o primeiro a identificar que as crises epilépticas vinham do cérebro, por volta de 400 a.C.
De fato, o que provoca o aparecimento das crises é uma descarga elétrica muito forte nos neurônios do paciente, que pode ser causada por estímulos externos ou por uma lesão cerebral decorrente de um trauma. O tipo de crise mais comum é popularmente chamada de "ataque epilético", e se caracteriza por convulsões, movimentos involuntários do corpo. 
Atualmente, existem diversos tipos de tratamento para a epilepsia, e 70% dos pacientes conseguem manter a doença totalmente controlada com uso de medicamentos. A neurologista Elza Márcia Yacubian, professora da Unifesp e membro da Academia Brasileira de Neurologia, explica nos vídeos abaixo o que pode levar ao aparecimento das crises e as formas de tratamentos disponíveis. 

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Conversando com os pais

Queridos Pais:

Sei o quanto é dificil para vocês aceitarem e conviverem com um filho epletico. Não porque não os amam, muito pelo contrario passam a amar demais e isso nem sempre é tão bom assim.

 

Nós filhos precisamos muito do carinho e entendimento de vocês!

 

Eu como filha sei o que seus filhos sentem...é muito amor...é uma preocupação como se vocês pudesse controlar o que vamos ter, ou com isso fazer com que não tenhamos nossas crises. Não há como fazer isso, mas precisamos nos sentirmos seguros e a nossa segurança vem da certeza que podemos ser pessoas livre e normais porque vocês estão ao nosso LADO  o tempo todo, nos ouvindo e tendendo entender e ajudar nossas angustias, principalmente pós crises.

 

Não adianta nos colocarmos em uma arredoma de vidro que se tivermos crises teremos, mas claro cautela é sempre bom. Não digo que devem deixar seus filhos livres principalmente quando estão em periodos de crises, mas os façam sentirem seguros com relação a lidar com elas que é muito mais saudável, podem até muitas vezes detectar quando as terão e os avisar para que possa ajuda-los.

 

Eu particularmente só vem a saber com quase 40 anos , durante toda minha vida, sempre foi uma caixinha surpresa, e talvez o desespero dos meus pais e suas proteções.Não adiantou de nada...eu fui buscar sozinha minha segurança e em mim mesma e no meu médico, mas nem sempre seus filhos terão esta força e determinação, mas vocês podem encorajá-los, porque sabendo que vão ter crises se precaveem.

 

Sei que arrisquei muito, mas precisava disso e minha eplepsia é totalmente controlada e isso eu digo para os casos semelhantes aos meus, mas entendam pais:

 

-Um filho epletico não é ESPECIAL! Ele só é epletico,  tem medicamentos e muitas vezes controle.

 

-Não os trate como pessoas diferentes, façam enfrentar a doença, ela não pega e nem é vergonha, já foi, não é mais...

 

-Ajude outros pais a aceitarem e parem com o preconceito absurdo de eplepsia deve ser escondida.Trate-a com dignidade, assim estará tratando seu filho também.

 

-Faça ele se sentir importante, ajude-o a estudar, e ser grande, a conviver com amiguinhos da escola e recreações importantes.

 

-Sejam duros, faça que enfrentem frustrações, isso também faz parte da vida tanto de pais , quanto de filhos.

 

Queridos pais, vocês são o remedio na medida certa mais importante em nossas vidas!


 

sábado, 21 de abril de 2012

Epilepsia


O que é epilepsia?


Definição
É uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada. Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente.

Sintomas
Em crises de ausência, a pessoa apenas apresenta-se "desligada" por alguns instantes, podendo retomar o que estava fazendo em seguida. Em crises parciais simples, o paciente experimenta sensações estranhas, como distorções de percepção ou movimentos descontrolados de uma parte do corpo. Ele pode sentir um medo repentino, um desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente. Se, além disso, perder a consciência, a crise será chamada de parcial complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Tranqüilize-a e leve-a para casa se achar necessário. Em crises tônico-clônicas, o paciente primeiro perde a consciência e cai, ficando com o corpo rígido; depois, as extremidades do corpo tremem e contraem-se. Existem, ainda, vários outros tipos de crises. Quando elas duram mais de 30 minutos sem que a pessoa recupere a consciência, são perigosas, podendo prejudicar as funções cerebrais.

Causas
Muitas vezes, a causa é desconhecida, mas pode ter origem em ferimentos sofridos na cabeça, recentemente ou não. Traumas na hora do parto, abusos de álcool e drogas, tumores e outras doenças neurológicas também facilitam o aparecimento da epilepsia.

Diagnóstico
Exames como eletroencefalograma (EEG) e neuroimagem são ferramentas que auxiliam no diagnóstico. O histórico clínico do paciente, porém, é muito importante, já que exames normais não excluem a possibilidade de a pessoa ser epiléptica. Se o paciente não se lembra das crises, a pessoa que as presencia torna-se uma testemunha útil na investigação do tipo de epilepsia em questão e, conseqüentemente, na busca do tratamento adequado.

Cura
Em geral, se a pessoa passa anos sem ter crises e sem medicação, pode ser considerada curada. O principal, entretanto, é procurar auxílio o quanto antes, a fim de receber o tratamento adequado. Foi-se o tempo que epilepsia era sinônimo de Gardenal, apesar de tal medicação ainda ser utilizada em certos pacientes. As drogas antiepilépticas são eficazes na maioria dos casos, e os efeitos colaterais têm sido diminuídos. Muitas pessoas que têm epilepsia levam vida normal, inclusive destacando-se na sua carreira profissional.

Outros Tratamentos
Existe uma dieta especial, hipercalórica, rica em lipídios, que é utilizada geralmente em crianças e deve ser muito bem orientada por um profissional competente. Em determinados casos, a cirurgia é uma alternativa.

Recomendações
Não ingerir bebidas alcoólicas, não passar noites em claro, ter uma dieta balanceada, evitar uma vida estressada demais.

Crises
Se a crise durar menos de 5 minutos e você souber que a pessoa é epiléptica, não é necessário chamar um médico. Acomode-a, afrouxe suas roupas (gravatas, botões apertados), coloque um travesseiro sob sua cabeça e espere o episódio passar. Mulheres grávidas e diabéticos merecem maiores cuidados. Depois da crise, lembre-se que a pessoa pode ficar confusa: acalme-a ou leve-a para casa.


Fonte:Liga Brasileira de Epilepsia

sábado, 14 de abril de 2012

DOMINGO 15/04/2012



Para aqueles que me acompanham ou apenas os que passam por aqui, um pequueno Presente!

Bom Domingo à Todos!
Lígia

domingo, 8 de abril de 2012

Dia Feliz!


FELIZ PÁSCOA!

Gostaria de desejar à todos os meus seguidores uma Feliz Pácoa e dizer-lhes que ganhei um presente muito especial com todos vocês me seguindo e acompanhando minha tragetória, mas neste dominigo de Páscoa tenho um agradecimento maior a fazer. Todos sabem quem é o meu médido, o Dr. José GEraldo Speciali e agora ele está entre nós fazendo parte do grupo de Seguidores.
-Dr.Speciali, meu amigo, meu pai, meu medico, meu mestre na vida, meu confidente...ao Sr. todas as alegrias que a vida puder proporcionar. Muito obrigada por estar aqui e isso faço publicamente, para que todos saibam a importância por estar me seguindo. As palavras aqui descritas são simples, mas foi exatamente tudo que nos ocorreu nestes 28 anos, e nos meus 46 de vida. Acreito até que há momentos que nem se recorde ou recordava mais, mas foi exatamente  o que nos aconteceu, foi o que aconteceu durente 44 anos com este problema e olha que resumi bastante.
Abaixo vou deixar para todos uma receita de Ovos de Páscoa, e desejo também um lindo domingo de reflexão à todos!

RECEITA DE UM OVO DE PÁSCOA ESPECIAL

Ingredientes: Perdão, alegria, paciência, fé, perseverança, vontade de ser feliz e paz.
... Modo de fazer:
Misture no recipiente bem lavado de sua alma, chocolate, mais perdão e alegria.
Deixe calmamente em banho-maria até que todas as mágoas e rancores sejam depurados.
Espere esfriar um pouco, salpicando perseverança e paciência e despeje nos dois lados do coração.
Prepare seu bombom predileto com recheios de paz e vontade de ser feliz. Reze nesta hora.
Desenforme as duas partes moldadas no coração, coloque dentro os bombons, embrulhe com papel transparente de amizade, verdejante e luzente de esperança.
Amarre com fitas prateadas de carinho e mande muitos, muitos, pra quem não lhe entende, também... é tempo de redenção.
O cartão é importante:
"Quero passar com amor na sua vida, e ficar se você me permitir. Feliz Páscoa, com chocolate no coração". Beijabraços, Fê


terça-feira, 20 de março de 2012

Relato V



Nascimento - HELENA

Logo depois da minha visita ao Ginecologista mudamos de apartamento, para poder acomodar as coisas da Helena e assim pude montar nosso quarto. Meu pai fez questão de tudo novo, eu já pensava em improvisar algumas coisas, mas ele não permitiu e sentia na minha mãe uma "suposta" paciência, mas durante minha gravidez, trocou todos os eletrodomésticos da cozinha e lavanderia, mas nada dizia e ainda bordou em  ponto cruz todo enxovalzinho da Helena, personalizando-o. Foi tudo muito simples, mas de muito bom gosto e lindo!
Exatamente um dia depois de nos mudarmos para o apartamento novo o pai da Helena apareceu do nada, com duas amigas minhas de Jaboticabal e eu estava já com uma barriga enorme e a casa de pernas para o ar, ou seja, tudo fora do lugar. Foi onde senti a mágoa do meu pai que não queria deixá-lo subir na hora que o porteiro anunciou-o. Meu coração veio à boca, não estava esperando, mesmo porque diversas vezes pedi que ele tomasse esta atitude, mas nunca o fez, e de repente lá estav aele. Minha mãe atendeu o interfone e autorizou a subida deles. Recebi-os na sala e ele ficou espantado de como eu estava diferente.Fui até a cozinha onde meu pai se encontrava e perguntei se ele não ia lá, e ele respondeu na hora:
-Por mim ele não tinha nem entrado, foi sua mãe que deixou e lá não vou.
Foi então que pedi:
-Pai, por favor, por mim e pela Helena, afinal é o pai dela, não faz isso, eu estou te pedindo.
Ele me olhou, desceu da escada e disse:
-Por você e pela Helena, mais nada.
E lá foi ele cumprimentar a todos e conversou com as meninas, enquanto eu e meu ex víamos as coisinhas da Helena no quarto e ele se justificava dizendo:
-Muito bom, seu pai fez tudo por você né, eu não fiz nada. Comentou
-Eu tenho certeza que ainda fará, sei que você não está podendo, mas podia ter vindo antes porque talvez, muita coisa não tivesse passado, mas agora já foi e não foi só do meu pai, aqui tem ajuda de muitas pessoas da minha família como minha irmã, meu cunhado, os filhos deles, as meninas, minhas primas. Relatei.
-Mas você parece bem, tem sentido algo? Perguntou
-Não, graças a Deus não, mas ainda estou preocupada, só vou descansar ou não depois que ela nascer, mas tenho muita fé que tudo dará certo.
-Queria que você entendesse que foi muito difícil para eu aceitar e entender tudo o que aconteceu na nossa vida de uma hora para outra.
-Eu até entendo que é difícil, mas eu não tinha como fugir, esta criança está aqui, eu tinha que enfrentar, não dava para ser diferente e assim o fiz, mesmo sofrendo muito.
E continuei...
-Não culpo você por não querer ficar comigo, não era obrigado a se casar, ter-me como esposa ou coisa parecida, mas você me rejeitou como pessoa, e uma pessoa que espera um filho teu, isso é que é muito difícil.
-Mas e se ela nascer com problemas, eu acho que não tenho estrutura para agüentar a conviver com isso.
-Não posso fazer nada, eu não tenho escolha, com problemas ou sem problemas ela vai nascer e terei que enfrentar e amá-la do mesmo jeito.
-Eu não durmo só pensando nisso, ele comentou.
-E você acha que para mim está fácil? Eu tenho que enfrentar, mas creio que vai dar tudo certo.
-Eu vou comprar umas fraldas descartáveis para trazer. Vou fazer o pedido de RN de tamanho de um a três meses, pode ser? Perguntou.
-Claro que pode, toda ajuda é bem vinda, muito obrigada, nós duas agradecemos.
Voltamos para a sala, matei um pouquinho a saudades das amigas e eles resolveram ir embora. Ele deu-me apenas um abraço e pediu para eu me cuidar.
Duas semanas depois apareceu novamente com dois fardos de uma fralda importada maravilhosa e um fardo  de um a três meses da mesma marca. Assustei, mas achei ótimo, porque ainda não tinha comprado nenhum pacote. Ele veio com um amigo nosso, conversamos um pouco e  foram embora. Acho que foi a última vez que eu o vi antes do parto.
Refiz a amizade com minha prima com quem tinha discutido antes de ir morar em  Jaboticabal-SP, e foi um encontro que me fez bem, mas quase não saia de casa por conta da minha pressão que baixava por nada, mas fora isso, estava bem.
Estava no 8º mês de gravidez sem nada sentir, apenas ainda tinha, desde o 5º mês medo de dormir, ou insônia, se assim podemos classificar. Meu medo de chegar o dia era imenso, então ficava acordada todas as noites até o sono me vencer, como se o dia do nascimento não fosse chegar de qualquer forma. Durante as madrugadas lia sobre partos, anestesias e tinha um diário que além de explicar cada parte com fotos e lugares para relatórios, davam dicas de roupas, posições, e também falava do tal exame que fazia o AFP (Alfa Feto Proteínas).
Do 8º para o 9º mês passei a ter muita falta de ar, já não fumava quase, chegava a dois cigarros por semana e não me fazia falta, tinha outras preocupações, mas ainda tinha muita vergonha do meu pai. Minha barriga não parava de crescer e com ela minha angústia em tê-lo decepcionado e ele ainda estar do meu lado de forma tão nobre. Tudo corria bem, mas angustiante, acho que queria ter motivos para reclamar e não tinha nenhum, fora meu irmão que resolveu ser um rebelde sem causa e ter ciúmes, mas até aí, tudo bem. Às vezes brigávamos muito e eu desforrava todo o meu ódio do pai da Helena nele, como se tivesse culpa.
Dia 30 de setembro por volta das 22h00 acendi um cigarro, coisa que já não fazia, dei duas tragadas e pensei:- Amanhã isso aqui vai me dar mais falta de ar. E apaguei.
Durante a madrugada toda comecei a perceber que estava tendo contrações e por volta das 2h30m comecei a cronometrar e elas se manifestavam de cinco  em 5 minutos. Por volta das 4h00 fui até o quarto da minha mãe e  meu pai, que nunca estava fora, naquele dia tinha ficado em São Joaquim para resolver uns problemas. Acordei minha mãe e disse o que sentia e que achava melhor ligar para o meu ginecologista. Ela então assustada respondeu:
-Isso não é nada, dorme que passa!
Não sabia se ria ou chorava, mas foi à resposta mais hilária que recebi na vida.
Liguei para o meu médico por volta das 4h30m e disse o que ocorria, se esperava o dia da consulta que estava próxima e ele então respondeu:
- Vá agora para o hospital, nos encontramos lá, não quero esperar para a consulta. Até daqui a pouco.
Perdi as pernas e não conseguia sair do lugar, mesmo porque meu pai não estava ali e fiquei sem ação e tremendo muito, foi então que liguei para minha irmã e ela atendeu ao telefone assustada, mas já prevendo:
-O médico quer que eu esteja lá agora, o que faço, nosso pai não está aqui?
Ela respondeu
-Meu marido vai te levar até lá, fique tranqüila, está tudo pronto não é?
Respondi com voz fraca:
-Está sim, tá bom, vamos.
Desliguei o telefone e pensei: - Meu Deus, como vai ser chegar em uma cidade pequena, com meu cunhado para dar a luz? Acho que isso não está certo e no mesmo instante o telefone tocou:
-Ligia, agora que acordei, quer que eu te leve, vamos juntas conversando?...Era minha irmã, lúcida novamente.
Eu relaxei e disse:
-Quero muito, não tem cabimento ser diferente e será melhor!
No caminho ela disse que achava que ia nascer naquele dia, mas que era tranqüilo, que não precisava me preocupar. Foi então que pedi para ela que se caso eu fosse ter o nenê naquela manhã que avisasse o pai da Helena depois que eu estivesse no centro cirúrgico. Não queria ninguém comigo, tinha medo do que poderia acontecer e precisava estar sozinha com o médico e o anestesista, mais ninguém. Este momento era só meu, tinha que enfrentá-lo, então, que fosse sozinha como foi desde o dia 20 de fevereiro.
Lembro-me até hoje, usava uma blusa de malhas com mangas longas brancas e por cima um vestido longo também de malha preto de alças, muito bonito e calçava uma alpargata preta com sola de borracha.Sentia-me muito bem.
Demorou um pouco, mas o Ginecologista chegou e a minha irmã tomou todas as providências com relação à internação, mas não conseguia falar com meu pai. Quando o conseguiu também teve uma reação engraçada, disse que a hora que acordasse ia ver o que poderia fazer... Ou seja, estavam todos transtornados e dormindo muito. Todos nós sabíamos que a hora ia chegar, mas ninguém se preparou para ela e não tem mesmo como se preparar. Ela apenas chega...
Conversamos bastante eu e o meu médico que depois de me examinar me disse:
-Lígia, você não tem nem um dedo de dilatação. Também não tem histórico de parto normal, sua mãe não teve e sua irmã também não. Eu precisava de um aviso da natureza e estou tendo, mas não é definitivo, posso te mandar para casa e estas contrações só vão piorar e judiar de você e podem durar até 10(dez) dias. Passamos por muito sufoco, estou agoniado faz dois meses para ver esta criança. Você aceitaria fazer uma cesárea agora, afinal sua idade e todo seu histórico não competem para que seja diferente, que tal?
Eu mais do que depressa respondi:
- Por mim Doutor, está tudo bem, também quero terminar com esta agonia. Vamos fazer a cesárea sim. 
Ele então me orientou
-Vou deixar você na mão da enfermeira e vou chamar sua irmã para algumas providências de roupas e coisas do tipo porque sei que ela está com você, já nos vimos lá fora quando cheguei. Vai querer fotografar ou algo mais? indagou.
Eu mais ou menos calma disse:
-Dr., este momento é só nosso. Só nós sabemos o que passamos e se vamos passar mais, então não quero ninguém além de nós lá dentro, nem minha irmã. Este momento será único na minha vida, mas muito obrigada pela preocupação! Disse com um sorriso meio amarelo, nervoso.
-Imagina, eu entendo você e acho que está certa. Bem, te encontro na sala de parto.
E as enfermeiras entraram em ação. Minha irmã chegou e reafirmei meu pedido do aviso para o pai da Helena e ela entendeu; e orientei sobre a 1ª roupinha que ela quem inclusive tinha me dado e sobre as coisas da malinha e as minhas. Demos ainda umas risadas sobre a reação de cada um e fui para a sala de parto.
O anestesista era quem eu desejava sem pedir, acredito que tenha sido Deus que o colocou de plantão naquele dia. Ele é calmo, sereno e competente, em fração de segundos, depois de explicar sobre como seria o procedimento da anestesia, aplicou e eu não senti mais minhas pernas.
O Ginecologista entrou e o parto iniciou, mas de uma hora para outra minha pressão caía, eu então falava com um pouco de medo de tudo o que ocorria e ele injetava algo no soro, e o ginecologista afastava a Helena que deveria estar em algum lugar indevido. Eu sumia e voltava, sempre com a sensação de desmaio, foi quando meu médico então disse:
-Lígia, ela como já sabíamos está na posição correta, mas vou tirá-la pelas costas, preciso ver a coluna desta criança rápidamente e assim o fez.
Foi o momento mais lindo da minha vida:
Ele ao tirá-la olhava e falava bem alto:
-Ela é perfeita Lígia, ela é perfeita, perfeita. Graças a Deus não tem nada, absolutamente nada na coluninha dela e ainda é brava!
Eu chorava sem parar e agradecia a Deus por tudo aparentemente ter dado certo e minha pressão voltou ao normal.
O Pediatra a pegou e dai a pouquinho veio com ela, maravilhosa, ainda sujinha para eu ver. Era linda, mais linda do que podia supor e chorava compulsivamente e apaguei.
Eram 08h53m do dia  1º de outubro de 1.998. O dia mais feliz da minha vida e daí para a frente foi só alegria:
O primeiro banho da tia coruja durante sete dias;
O primeiro banho que me deixaram dar;
Amamentar e ter muito leite e ela não conseguir mamar  e as vezes ter que tirar, por não aguentar de dor. Era gratificante;
Acordar a noite para amamentá-la, trocá-la e aproveitar para tirar várias fotos;
Ir ao pediatra e descobrir que tudo estava correndo muito bem;
O nosso choro do primeiro dia na escolinha aos nove meses;
O desespero da primeira febre;
A primeira internação;
O Batizado;
O primeiro aniversário;
A primeira vez ela me chamou de Mãe
-SER MÃE, não tem como explicar, tem que sentir e eu consegui, com muito sacrifício e determinação, perseverança e fé e acreditando que tudo podemos superarmos se acreditamos.
PARAFRASEANDO O DR. SPECIALI: EU SOU UMA GRANDE VITÓRIA NA SUA VIDA PROFISSIONAL E A HELENA É MEU TROFÉU.


Esta é a minha Helena, valeu por tudo e valeria sempre! 


Seu nome: Luz, Iluminada
O Rosa é sua cor preferida
Seu signo Libra
Sua pedra Opala
Seus olhos: Verdes
Seus cabelos: Castanhos Claros
Seu Nascimento: 1º de Outubro, sendo dia  dia de Santa Terezinha, que alivia a angustia e a aflição 
Seu Batizado: 22 de maio, Dia de Santa Ria de Cassia- a Santa das causas impossiveis


Realmente, ela veio para dar Luz à minha vida, um divisor de àguas!







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segunda-feira, 19 de março de 2012

Olá meus seguidores e amigos fieis:

Estarei postando por estes dias o Relato V  "Nascimento". Acreito que vão gostar e aí sim, começará minha grande caminhada de ajuda à todos aqueles que precisam, sejam pais ou filhos epiléticos. Estarei sempre pronta para dividir um pouquinho do que passei, para ajudar quem tanto precisa.


Milhões de beijos!!!!!!!!!!!!

Lígia

quinta-feira, 15 de março de 2012

1.000  visitas no  Blog. Muito Obrigada!
Sinto sempre vontade de continuar.Ele ainda não tem 1 mes...
Não tenho muito o que falar...escreverei depois.

Beijos!!!!!!!!!!!!!!  Leiam abaixo o RELATO IV

Relato IV



Gravidez

Quarta-feira de cinzas e lá estava eu no consultório do Dr. Speciali, sem saber o que me esperava...
Ao ser chamada, entrei parcialmente tranqüila, afinal não tinha muito que fazer, isso era o que eu achava, e tudo ia normal e eu como sempre sozinha, sem ninguém para me acompanhar.
Ele então se dirigiu a mim em tom firme e diz:
-Como você deixou isso acontecer?...Quantas vezes alertei?...Não é criança, as conseqüências podem ser sérias, como pode não acontecer nada, mas teremos que viver isso. Eu pedi tanto e você não me atendeu, disse com voz de decepção
Neste momento meu coração apertou, ele nunca havia falado comigo tão firmemente, nem meu pai fez isso e continuou...
-Vou pedir pelo menos para você não comprar uma chupeta para esta criança até lá pelo menos seu 5º (quinto) mês de gravidez, porque pode sofrer um aborto espontâneo por conta de uma crise convulsiva. Lígia, Lígia, você pelo menos está tomando o ácido fólico como recomendei?
Nada o fazia acalmar.
Eu balancei a cabeça positivamente e  então perguntei...
-Dr, o que pode acontecer agora com a retirada do Depakene?
-Tudo e nada, agora temos de aguardar, pois você terá que fazer alguns exames que eu quero acompanhar, e se eu perceber que estes exames te fazem correr risco de vida, teremos que agir rápido, mas não acredito que chegará a tanto. Essa criança pode vir com deformações complicadíssimas, que para cuidar ao longo da vida causarão muito sofrimento... Pode vir com lábios leporinos, que também é um desgaste por ter que passar por varias cirurgias... Fora isso, pode não nascer, ou pode correr tudo bem. Agora será que  você tem noção do que estou dizendo. Estou muito preocupado, não quero este tipo de sofrimento para você, nem para ninguém. Saiba que tive um paciente que perdi há pouco tempo e o quanto era difícil tratá-lo, e ele se foi aos 16 anos, e por mais inteligente que fosse seu organismo não agüentou. As complicações eram muitas. Não desejaria jamais isso para você.
Eu chorava sem parar e ele não teve pena, por momento algum me consolou, apenas foi frio e profissional e eu assustei muito, não era esse Dr. Speciali que estava acostumada, mas acatei tudo e me curvei.
Ele então perguntou quem seria meu médico, eu falei e ele fez um relatório do meu problema, dos medicamentos e solicitou um exame aos 3 meses chamado AFP (Alfa Feto Proteína). Este exame era para detectar se existia alguma anomalia na criança, repetido no 6º mês, seguido de Ultrassonografia feito por um medico escolhido a dedo na Maternidade Sinhá Junqueira. Estas ultrassonografias também não eram cobertas por nenhum plano e nem os exames de sangue.
Saí do consultório dele em Ribeirão Preto completamente arrasada, e voltei para Jaboticabal  chorando, confiante, mas assustada com suas palavras firmes. Lembrou-me a frieza do médico do H.C. de anos atrás.
Estava com 32 anos e 42 kg, e o que era mais preocupante, ainda fumava,  sem trabalho, porque havia pedido demissão, cumpria aviso,  porque queria voltar para Ribeirão, mas isso  antes de saber da gravidez. Resumindo: grávida, sem trabalho, sozinha, sem dinheiro, com um patrão que não me pagava direito, me devia, e correndo risco de vida ou de ter um filho cheio de problemas. Não sabia em que pensar direito, então coloquei a gravidez em primeiro lugar, mas para isso tinha que enfrentar mais um problema que era voltar para a casa dos meus pais, talvez de tudo o pior, ou o melhor...
Chegando em Jaboticabal liguei para o pai da Helena (ainda não sabia que era uma menina) e pedi para ele me encontrar no meu apartamento e ele assim o fez na manhã seguinte.
Expliquei tudo que o médico tinha me dito e ele sem saber o que fazer ouviu tudo e disse:
-Fazer o que, tenho que trabalhar, nos falamos depois... E se foi.
Não conseguia levantar para abrir a porta e nem dizer tchau. Parecia que acabava de conversar com um estranho, e isso me deixou mais triste e ali fiquei por alguns minutos para poder tentar, sem conseguir entender a reação dele.
O telefone tocou, era meu patrão me convidando para passar o dia no estabelecimento dele, para eu dar umas sugestões, mas na verdade, ele queria me tirar de casa, por saber o quanto estava péssima e aproveitando falei do dinheiro que precisava inclusive para o aluguel, pois meu pagamento estava atrasado mais uma vez. Ele veio me buscar e percebi que não iria me pagar, então propus a ele que como meu aviso tinha terminado e tinha que arrumar minha mudança, poderia dar uma mão na parte da noite onde eu trabalhara e para que eu pudesse ter dinheiro para comer no dia seguinte, e jantaria no trabalho e ele de pronto aceitou, já que sua situação não era das melhores... nem a minha! E assim eu fiz durante um mês.
Quando tinha ido a São Joaquim da Barra contar para minha família, o Camilo ficou sabendo e de lá para cá não me deu sossego. Ao votar para Jaboticabal da consulta com o Dr. Speciali ele me ligou e fez a seguinte colocação:
-Olá, você está bem? Está sentindo algo? Foi ao Dr. Speciali, e ele?, perguntado tudo de uma vez
-Não sinto nada, Camilo, só estou triste com tudo e contei-lhe a visita ao Dr. Speciali e a reação do pai da Helena. Falava com voz fraca de tristeza.
-Lígia, eu te disse no carnaval e vou repetir. Quando me contou, perguntei se ele ia assumir, você me garantiu que sim, mas saiba que esta criança não vai ficar sem nome e sem pai, eu já te disse e prometo, coloco meu nome nela, e será meu filho, se ele não o fizer, sem nome não ficará, fique calma.
Quando me disse no carnaval, realmente não o levara a sério, mas naquele momento de dor, foi o ato mais lindo de todos, afinal estavam pensando no futuro do meu filho, que não era dele. Cai em prantos e agradeci muito, muito mesmo, e disse que precisaria dele por perto, se não se incomodasse, porque me sentia só.
Fez-me prometer que iria avisá-lo todos os meses do pré-natal, e me ligava sem eu precisar pedir de 15 em 15 dias durante TODA a minha gravidez. Os jardins de Monet são dedicados a Ele e a Helena, meus anjos da guarda!
Na manhã seguinte acordei com um telefonema, era o pai da Helena perguntando quando  eu ia embora e que ele ia fazer a minha mudança, mas tinha que ser rápido. Claro que discutimos pelo telefone e disse-lhe que não estava fugindo de ninguém, que agradecia, mas tinha que arrumar minhas coisas. Ele se irritou e de lá pra nosso relacionamento foi um desastre. Não nos falamos quase, pois antes de ir passei a maior humilhação da minha vida. Alguns pertences meus foram bloqueados de sair do prédio por inadimplência, isso era uma coisa que jamais poderiam ter feito, mas estava tão frágil que nem me toquei que entendia disso. Chorava sem parar. Nesta mesma madrugada eu caí em prantos e uma amiga de Santos me ligou e tentou me acalmar, mas era impossível, precisava colocar tudo para fora, foi quando às 2h00 da madrugada liguei para o Camilo e sem conseguir falar, ele entendeu, conversou muito comigo e disse que estava do meu lado para qualquer coisa, mas que ficar assim só faria mal ao bebê, e eu não conseguia parar, foi então que já sendo umas 4h00 ele começou a rezar comigo, e isso foi mais ou menos uma hora. Eu não falava, só pedia para ele me ajudar a tirar aquela angústia de dentro de mim e que não sabia se ia agüentar tudo que viria pela frente, que tinha medo. Essas eram minhas palavras e desejos e ele então começou a rezar e fui me acalmando até ficar com muito sono e cansaço e disse que precisava dormir, ele concordou e desligamos o telefone. A minha amiga que tinha ligado entrou em contato com o pai da Helena e ele apareceu na minha casa às 7h00 da manhã. Quando viu o meu rosto inchado de tanto chorar disse:
-Você chorou muito pelo visto, sabe que não pode fazer isso, não faz bem para sua gravidez.
Respondi ainda com sono
-Tá difícil, mas sei que vou melhorar...
-Fique bem, nos falamos outra hora, qualquer coisa me ligue, respondeu friamente
Foi embora, mas eu não tinha mais forças para chorar tamanha a minha indignação.
No dia 18 de Março de 1.998, meu patrão, percebendo que o pai da minha filha nada faria para eu mudar, e parte das minhas coisas já haviam ido embora, resolveu então me ajudar e pagou meu aluguel, e me levou para Ribeirão Preto, quase na hora do almoço. Foi difícil, mas deixei toda uma história para trás sem saber o que me esperava adiante.
Ao chegar em casa, minha mãe me recebeu bem e me ajudou a colocar tudo no lugar, foi quando percebemos que no quarto que eu tinha no apartamento deles não caberia o berço e meu irmão já havia dito que jamais cederia o dele para mim. No final da tarde meu pai chegou e tudo se clareou, talvez tenha sido depois do parto o dia mais lindo da minha vida, ele então se sentou a mesa e me chamou dizendo:
-Lígia, eu quero dizer que vocês dois são muito bem vindos. Esta casa também é sua e estamos aqui para te ajudar. Não importa o que tenha acontecido e como, vamos cuidar para que tudo dê certo. Você é nossa filha e está a caminho um neto, que vai ocupar esta casa como se fosse dele, por isso a única coisa que te peço agora, não pense em nada, apenas em se cuidar, sua gravidez requer cuidados e não estamos aqui para te julgar. Vamos seguir em frente e mais uma vez "Sejam Muito Bem Vindos"!
Foi emocionante para mim, não esqueço... Acho que nunca na minha vida senti tanta vergonha. Agradeci muito sem graça e dei-lhe uma abraço, sabendo que tudo aquilo era real, sendo que meu pai sempre foi muito transparente conosco. Minha mãe ouvia tudo ao lado, mas nela não consegui abraçar, ainda sentia um certo julgamento, mas com ele estava em paz e isso foi muito bom, me deu forças para seguir.
Fui ao meu primeiro pré-natal e entreguei o relatório do Dr. Speciali. O ginecologista leu, não concordou muito, mas como são amigos de profissão e da cidade, acatou. Encaminhou o pedido do AFP, eu já estava beirando os 3º mês, e assim foi.
Sempre que ia à S.Joaquim o Camilo era informado, aparecia, e quando cheguei na minha avó ele estava na porta do prédio me esperando.
Ele pedia sempre um relatório completo, eu acabava me divertindo com isso, me fazia bem e aí ele dizia novamente:
-Você já sabe, se o pai não registrar, essa criança não ficará sem nome, independente de como venha, está me ouvindo?
Respondia afirmativamente e perdi as contas de quantas vezes ele me disse isso por telefone ou pessoalmente, porque durante os meses do pré-natal, foi me ver em todos e seus telefonemas de 15 em 15 dias também foi até o final da gravidez.
Era ano de Copa do Mundo, e eu sempre gostei muito de futebol, como de outros esportes, acho que por não poder atiçá-los. Fiz o primeiro AFP  e o resultado foi muito bom, e na ultrasonografia também nada acusava, e a 1ª que fiz ao ver o bebê e contar seus dedinhos chorei muito de emoção e o médico foi muito simpático e disse:
-Vou ter que começar tudo de novo, você não prestou atenção em nada que falei, também com um bebê desses, não é para menos! E assim ele fez, começou tudo novamente.
Estava muito emocionada de saber que aquele serzinho perfeito estava dentro de mim, que era meu filho. Acredito que todos que passam por esta experiência sentem o que eu senti. Como sempre entrava sozinha até nestes exames. Cheguei a chamar o pai do bebê para me acompanhar no pré-natal e nos ultrassons, mas ele dizia sempre que tinha um compromisso, que tinha que trabalhar, então eu gravava e fazia uma cópia e mandava para ele pelo correio.Tinha feito uma promessa para ele e para mim, de que depois da maneira que lhe dera a noticia da minha gravidez, não iria errar mais, que sabia da minha crueldade e assim fiz, passei por cima do meu orgulho e foquei no meu filho, mais nada, e ele fazia parte da vida dessa criança, gostando ou não, sendo um bom pai ou não, mas nunca mais errei daquela maneira.
Minha barriga quase não aparecia, mas eu não sentia mais nada, nem sono, e todas as vezes que podia estava sempre muito arrumada. Acho que mulher grávida pode tudo, porque ela está no auge de sua beleza interna e externa. Com isso, todos me diziam que minha barriga era de menino, que eu provavelmente seria mãe de um moleque. No fundo, bem no fundo, não concordava, algo me dizia que ia ser uma menina, mas as lendas me levavam a crer que teria que brincar de carrinho.
Ainda não havia completado 5 meses, fui para mais uma ultrassonografia, porque o hospital tinha me convidado para fazer uma filmagem por conta do formato do meu corpo e que tudo seria melhor e eles precisavam apresentar em um congresso, mas tive que assinar um termo de exclusão de direitos autorais, aceitei, afinal se fosse para ajudar, por que não? Fizeram o primeiro com a roupa do hospital, um monte de pessoas filmando, uma sala pequena, mas toda equipada. Achei aquilo o máximo. Terminando, meu médico disse:
-Agora nos vamos fazer o ultrassom para você e terá algumas partes que vou editar. Você quer saber o sexo, ou vai deixar na surpresa?, perguntou sorridente
-Eu gostaria muito de saber, se tiver jeito, quero sim, respondi ansiosa.
-Você já pintou o berço do seu bebê de azul? , perguntou-me sem olhar no meu rosto.
Aquilo foi como um balde de água fria  e responde timidamente:-Não, não pintei!
Ele disse sorrindo.
-Que bom porque terá que pintar de rosa, é uma menina, e eu tenho certeza, ela é muito serelepe, está com as perninhas abertas, o que me dá condições de te dar esta certeza. Por isso disse que ia editar, não quero que saibam o sexo, será algo entre nós, mas ela quer te avisar que está chegando
As lágrimas escorriam de emoção  e  eu então disse:
-É a Helena, Doutor, a minha Helena, será um sonho mais do que realizado, um presente de Deus mesmo!
Saí de dentro da sala totalmente emocionada e minha mãe me esperava do lado de fora, então disse:
-A Helena está chegando...é a Helena, mãe, a minha Helena!
Fomos para casa e ao colocarmos a chave na porta, ouvimos o telefone tocar sem parar. Eu sai correndo para atender, era meu pai e logo foi perguntando:
-E até você fez o ultrassom, deu para saber o sexo?
-Pai, é uma menina, ela estava com as perninhas abertas e o médico conseguiu dar certeza absoluta. É a Helena pai, respondi feliz
-Graças a Deus, rezei tanto e pedi tanto que fosse uma menina. Viu, agora nunca mais estará sozinha? Ele me atendeu, Parabéns! Estou aliviado, feliz e saindo daqui, já chego e conversaremos melhor, disse ele também feliz, e pediu para falar com minha mãe, repetindo as mesmas frases, de acordo com ela.
Imediatamente liguei para o pai da Helena, contando a novidade e ele estava em um lugar com todos os nossos amigos e perguntei:
-O que você acha que deu? Brincando e feliz
-Uma menina, tenho certeza que serei pai de uma menina, arriscou.
-Como assim tem certeza? Indaguei
-Não consigo me ver como pai de menino, acha...
-Realmente é uma menina sim e olha, você se importaria se ela chamasse Helena?Consultei, afinal ele era o pai.
-Helena? Que nome estranho...
Ouvi os gritos de alegria da nossa turma e da escolha do nome que era maravilhoso, então disse:
-Gostaria muito que fosse Helena, mas você tem outra idéia, eu tenho que ir para Jaboticabal este final de semana.
-Acho que não vou ter muita escolha, acharam lindo o nome, se mudar, acho que apanho, mas assim que chegar conversamos, mas dessa vez pode nos encontrar para falar disso. Avise-me quando chegar, vai ficar na nossa amiga de Santos? , perguntou
-Sim, como sempre. Aviso-te assim que chegar, mas vou aí para poder ver se recebo algo, não quero entrar na justiça, mas a coisa esta ficando cada dia pior, comentei.
Despedimo-nos e assim foi nossa conversa cheia de alegria. Fiquei feliz!
Fui para Jaboticabal, mas nos falamos muito pouco. Ele perguntou onde estava minha barriga, mas que meu seio estava lindo e grande. Depois não o vi mais.
No 5º mês para o 6º mês tinha que repetir o AFP e o fiz a pedido do Dr. Speciali.
Manhã de Copa do Mundo, jogo do Brasil e algum outro time, não sei dizer qual, fomos buscar o resultado, porque tudo fecharia às 13h00, e assim o fiz, e como o 1º  tinha dado tudo certo, pela primeira e última vez na minha vida abri o exame e quase tive um treco. Estava alteradíssimo, de forma inexplicável. Desmoronei e na hora liguei para meu ginecologista e ele me fez a seguinte pergunta:
-Lígia, o exame estava em nome de quem?
- No do Sr. Dr. respondi timidamente
-Então, isso é para você aprender a não repetir este ato.
-Mas, Doutor, não imaginava isso, o 1º deu tudo certo, imaginava que seria apenas uma confirmação do primeiro.
-É, mas não foi, e agora temos vários fatores, inclusive o exame foi feito errado, por isso, amanhã procure o médico da ultrassonografia e solicite uma de emergência e explique o que acontece. Eu vou ligar no laboratório para saber o que houve e como foi feito este exame e que você talvez tenha que refazer, me orientou.
Liguei para o Dr. Speciali que me pediu para não abrir mais nenhum exame, por conta destas surpresas, e que teria fazer o ultrassom urgente e deixá-lo a par de tudo. Não tinha nada a fazer, apenas aguardar e disse que depois disso ia solicitar um ultrassonografia para detectar talvez um lábio leporino. Fique de pedir o  pedido do exame.
Fiquei acusada, as lágrimas vinham com medo e poucas, estava mais forte, apenas passei uma noite em claro torcendo para o médico me atender, e ainda bem deu certo, aliás, exame particular é na hora...
Cheguei ao hospital por volta das 9h00 sem dormir, abatida, e expliquei tudo que havia acontecido no dia anterior e o médico foi muito minucioso, ficou exatamente 40 minutos, apenas na coluna da Helena e me afirmava friamente:
-Lígia, pegue estes exames e jogue fora, sua filha não tem absolutamente nada. Ela é totalmente normal, eu posso afirmar isso para você, acredite em mim e jogue tudo isso no lixo, por favor. Olha esta coluna, perfeita!
Eu sorria de forma meio amarela, sempre na dúvida do por que tudo tinha dado tão errado e alterado. Queria respostas e ninguém sabia me dar, nem os médicos...
O ginecologista solicitou então um exame para diabetes, porque eu não parava de engordar, eram 3 kg por mês e isso poderia também estar atrapalhando. Fui ao laboratório e fiz o PIOR exame da minha vida. Nada é parecido com aquilo. Foi o único dia que senti enjôo, mas por conta do suco que me obrigaram a tomar.
Na consulta seguinte, ele reiterou o pedido do lábio leporino, o exame de diabetes não tinha dado nada, ainda bem, e me pediu para repetir o AFP. Achei uma tortura, era contra, mas ele me disse que tinha ligado no laboratório e se informado em vários, e precisava tirar esta dúvida, então aceitei contrariada, mas aceitei.
No meu 7º mês, meu médico não deu o resultado do meu AFP, mas me fez uma colocação que não esqueço dizendo:
-Lígia, eu fiz tudo o que podia, fui a Ribeirão Preto, reuni-me com amigos do H.C., consultei  alguns laboratórios e não acho a causa deste exame ter dado alterado, nem o exame dá para ver a síndrome de Down, não temos mais tempo. Agora temos que aguardar um aviso da natureza para podermos fazer o seu parto.
- O Senhor quer dizer que nada pode fazer, só rezando?
-Só Lígia, cientificamente temos que aguardar, não tenho mais o que fazer, este procedimento eu não uso, este exame nunca recomendei e não esperava por tudo isso. Vamos aguardar. Vá para casa e torcerei junto com você para dar tudo certo.
Chorar?...Nem pensar, estava prestes a ser mãe, não me era permitido. Encontrei o Camilo como de costume, ele disse as mesmas coisas de sempre, mas desta vez estava assustado como eu. Perguntou como estava e respondi:
-Em final de gravidez, daqui uns dias nasce!
Voltando a Ribeirão Preto, procurei não pensar, mas meu pensamento estava no resultado que o ginecologista não tinha me dado, estava intrigada com aquela atitude, e me perguntava por quê? Tinha repetido então o mesmo resultado, foi o que imaginei.
Ao chegar em casa, sentei na sacada e acendi um cigarro, porque ainda fumava 5 (cinco) por dia, às vezes até menos e terminando  olhei e na frente tinha um terreno, que ainda existe e é muito verde, olhei e pensei em Santa Rita de Cássia, de quem sou devota até hoje, e tive uma confirmação dela, linda, rezei para ela e em pensamento disse o seguinte:
-Santa Rita, eu acredito que Deus tem tantos problemas maiores do que o meu neste mundo que está aí cheio de miséria e pobres e crianças passando fome, mas queria que a Senhora intercedesse por mim; se ele achar que mereço uma filha normal, serei grata eternamente, mas se ele achar que devo ter uma filha deformada, ou com qualquer problema, vou amar da mesma maneira, pode ter certeza. Interceda por mim, por favor!
Naqueles minutos tinha duas alternativas:
a) ou cuidava do enxoval, coisas para ter o bebê, e cuidava de mim;
b) ou iria enlouquecer.
Nada podia fazer... Nada!
Optei pela primeira opção e como se tivesse um botão, desliguei e fui cuidar das roupinhas, arrumar a malinha, porque já estava de 7 meses e tudo poderia acontecer dali para frente. E assim fiz...